Revisão Integrativa sobre o Câncer Bucal: Avanços na Compreensão da Carcinogênese e Estratégias de Intervenção na Saúde Bucal
Introdução
O câncer bucal (CB) é uma condição multifatorial complexa, resultado da interação entre fatores genéticos e ambientais. O consumo de álcool, o tabagismo e a exposição à radiação ultravioleta são bem estabelecidos como fatores oncogênicos, enquanto a infecção pelo papiloma vírus humano (HPV) e a dieta estão sendo objeto de estudos recentes para determinar sua associação com a neoplasia.
O carcinoma espinocelular (CEC) na região de cabeça e pescoço é a forma mais comum de neoplasia maligna, afetando os sítios da cavidade oral, como lábio, língua, palato, assoalho e rebordo gengival, assim como a região da orofaringe. Representando de 90% a 95% dos casos de neoplasias malignas craniofaciais, o CEC causa aproximadamente 130.000 mortes anualmente em todo o mundo, configurando-se como um grave problema de saúde pública.
A carcinogênese bucal é um processo complexo e de difícil identificação em estágios iniciais. No entanto, existem lesões consideradas cancerizáveis ou potencialmente malignas que podem ser identificadas como as primeiras manifestações clínicas desse processo. As principais lesões cancerizáveis incluem leucoplasia, eritroplasia, queilite actínica e líquen plano. Embora o potencial de malignização do líquen plano ainda não esteja completamente esclarecido, alguns estudos não o associam ao CB5.
Estratégias voltadas para a intervenção nos fatores de risco, juntamente com exames clínicos realizados por Cirurgiões-Dentistas (CD) capacitados, aliados à orientação dos pacientes, são consideradas as melhores abordagens para reduzir a incidência e a morbimortalidade da doença. O diagnóstico de desordens precursoras ou de câncer em estágios iniciais permite um prognóstico e tratamento mais favoráveis, com intervenções menos invasivas e com menor grau de mutilação, resultando em maior sobrevida.
No Brasil, a Atenção Primária à Saúde (APS), representada pela Estratégia de Saúde da Família (ESF), desempenha um papel fundamental como porta de entrada dos pacientes no Sistema Único de Saúde (SUS). No que diz respeito à assistência ao paciente oncológico, são implementadas ações de controle, promoção de saúde, diagnóstico precoce e suporte às necessidades do paciente em tratamento, por meio de uma equipe multiprofissional, incluindo a equipe de saúde bucal.
Nesse contexto, o presente estudo tem como objetivo realizar uma revisão integrativa da literatura sobre o câncer bucal.